Aniversário de Graciliano Ramos
28 DE outubro DE 2013Neste domingo, 27 de outubro, o escritor Graciliano Ramos completaria 121 anos. Nascido em 1892, em Quebrangulo, sertão de Alagoas, atuou como revisor e escritor em diversos jornais e revistas pelos lugares em que passou.
Com temática social e texto engajado, Graciliano foi um escritor extremamente cuidadoso. Rescrevia seus livros sem cessar, procurando retirar tudo aquilo que considerasse excesso. De estilo delicado, Graciliano sempre foi considerado como exemplo de elegância e de elaboração.
Em 1933, lançou seu primeiro livro, Caetés, que vinha escrevendo desde 1925.
Em 1936, acusado informalmente de ter conspirado no malsucedido levante comunista de novembro de 1935, foi demitido e preso pela ditadura Vargas em Maceió. De lá foi levado para o Recife, de onde embarcou para o Rio de Janeiro com outros 115 presos. A experiência foi registrada na obra Memórias do cárcere, lançada postumamente e incompleta.
Graciliano permaneceu na cadeia até 1937, ano em que lançou Angústia e recebeu o prêmio Lima Barreto pela Revista Acadêmica. Livre, passou a trabalhar como copidesque em jornais do Rio de Janeiro.
Vidas Secas, seu mais famoso romance, foi publicado em 1938 e, no ano seguinte, Graciliano foi nomeado Inspetor Federal do Ensino Secundário no Rio de Janeiro.
Em 1940, juntamente a Álvaro Moreira, Joel Silveira, José Lins do Rego e outros "conhecidos comunistas e elementos de esquerda", como consta em sua ficha na polícia, passou a frequentar a sede da revista Diretrizes. Recebeu, em 1942, o prêmio Felipe de Oliveira pelo conjunto de sua obra, por ocasião da comemoração de seus 50 anos.
Em 1945, filiou-se ao Partido Comunista e lançou os livros Dois dedos e Infância, este último um livro de memórias.
Faleceu em 1953, em decorrência do câncer. Neste ano, o livro Memórias do Cárcere foi lançado sem o capítulo final, já que Graciliano não chegou a concluir.
Você conhece alguma das obras de Graciliano? Veja quais livros estão disponíveis no acervo da BSP:
Vidas secas - também em audiolivro
(Editora Record)
O que impulsiona os personagens é a seca, áspera e cruel, e paradoxalmente a ligação telúrica, afetiva, que expõe naqueles seres em retirada, à procura de meios de sobrevivência e um futuro. Apesar desse sentimento de transbordante solidariedade e compaixão com que a narrativa acompanha a miúda saga do vaqueiro Fabiano e sua gente, o autor contou: "Procurei auscultar a alma do ser rude e quase primitivo que mora na zona mais recuada do sertão... os meus personagens são quase selvagens... pesquisa que os escritores regionalistas não fazem e nem mesmo podem fazer ...porque comumente não são familiares com o ambiente que descrevem...Fiz o livrinho sem paisagens, sem diálogos. E sem amor. A minha gente, quase muda, vive numa casa velha de fazenda. As pessoas adultas, preocupadas com o estômago, não tem tempo de abraçar-se. Até a cachorra [Baleia] é uma criatura decente, porque na vizinhança não existem galãs caninos". Vidas secas é o livro em que Graciliano, visto como antipoético e antissonhador por excelência, consegue atingir, com o rigor do texto que tanto prezava, um estado maior de poesia.
São Bernardo - também em audiolivro
(Editora Record)
A presente obra conta a história de Paulo Honório, um homem simples que, movido por uma ambição sem limites, acaba por se transformar num grande fazendeiro do sertão alagoano e casa-se com Madalena para conseguir um herdeiro. Incapaz de entender a ótica humanitária pela qual a mulher vê o mundo, ele tenta anulá-la com seu autoritarismo. Com esse personagem, Graciliano traça o perfil da vida e do caráter de um homem rude e egoísta, do jogo de poder e do vazio da solidão, onde não há espaço nem para a amizade, nem para o amor.
A terra dos meninos pelados - também em Braile
(Editora Record)
Graciliano Ramos, um dos maiores escritores brasileiros do século XX, traz em seu livro infantojuvenil, A terra dos meninos pelados, a história de Raimundo, um menino diferente de todos os outros por ter um olho preto, o outro azul e a cabeça careca. Cansado de ser alvo de chacota na escola e nas ruas da cidade, Raimundo parte em uma viagem fantástica para um lugar onde as pessoas saibam conviver com as diferenças.
Memórias do cárcere
(Editora Record)
Memórias do cárcere é o testemunho de Graciliano Ramos sobre a prisão a que foi submetido durante o Estado Novo. Uma narrativa amarga de alguém que foi torturado, viveu em porões imundos e sofreu privações provocadas por um regime ditatorial. No livro, Graciliano descreve a companhia dos mais variados tipos encontrados entre os presos políticos: descreve, entre outros acontecimentos, a entrega de Olga Benário para a Gestapo, insinua as sessões de tortura aplicadas a Rodolfo Ghioldi e relata um encontro com Epifrânio Guilhermino, único sujeito a assassinar um legalista no levante comunista do Rio Grande do Norte. Durante a prisão, diversas vezes Graciliano destrói ou afirma destruir as anotações que poderiam lhe ajudar a compor uma obra mais ampla. Também dá importância ao sentimento de náusea causado pela imundice das cadeias, chegando a ficar sem alimentação por vários dias, em virtude do asco. Da cadeia, Graciliano faz comentários sobre a feitura e a publicação de Angústia, uma de suas melhores obras.