Releituras de poesias modernistas marcam início da Oficina Modernidade e as Formas do Rito, na BSP
14 DE julho DE 2022Em
um momento de grandes transformações vivenciadas pela sociedade brasileira no
início do século XX, o futuro da nação era questionado pelo movimento
modernista neste processo de mudanças. No campo intelectual, a busca era por
uma identidade nacional e A Semana de Arte Moderna de 1922 foi um momento marcante de
um movimento cultural das primeiras décadas do século. Parte de alguns
de seus poetas e escritores produziram em uma perspectiva religiosa e em
valores da fé, especialmente cristã e católica.
Abrindo a série de
quatro encontros da Oficina Modernidade e as Formas do Rito, que
acontece às terças-feiras na Biblioteca de São Paulo até o final de julho, o
tradutor, poeta e professor da Unesp, Pablo Simpson, propôs aos
participantes um mergulho na releitura de poemas modernistas de autores que
foram protagonistas de uma época, como Cecília Meireles, Vinicius de Moraes e Henriqueta
Lisboa, localizando-os neste cenário de intensos debates em
torno da literatura e das artes, o qual incorporava a ideia de reinvenção da
História Brasileira.
Nesse
período, circularam revistas fundadas pelos escritores integrantes da chamada
corrente espiritualista, que almejavam compreender a modernidade e indagar
sobre o destino do homem, sem romper completamente com o passado. Formado em
torno de Tasso da Silveira (1895-1968), no Rio de Janeiro, o grupo
espiritualista fundou a Revista Festa (1927-1928 e 1934-1935).
O
periódico configurou-se como o espaço privilegiado de divulgação das ideias
desta corrente. Compuseram ainda o projeto: Adelino Magalhães, Barreto Filho,
Brasílio Itiberê, Henrique Abílio, Lacerda Pinto, Abgar Renault, Wellington
Brandão, Cardilho Filho e Murilo Araújo. Colaboraram com frequência Cecília
Meireles e Alceu de Amoroso Lima (Tristão de Ataíde), dentre outros. Em
contraste com as correntes vanguardistas da época, os escritores da vertente
espiritualista deixaram o seu legado pelas reflexões e poesia imbuídas de
elementos espirituais ancorados nos valores do catolicismo.
Com o intuito investigar e dialogar com os
referenciais teóricos que fundamentaram as ideias desses escritores, a Oficina Modernidade e as Formas do Rito percorrerá,
nos próximos encontros, um espectro amplo, que vai de Mário de Andrade, Manuel
Bandeira e Cecília Meireles, a poetas contemporâneos como Armindo Trevisan,
Roberval Pereyr e Marco Lucchesi. O objetivo de abrir caminhos para a produção
literária dos participantes, que serão orientados na preparação de resenhas de
algum dos poemas propostos para estudo.
Esta atividade integra o
projeto Literatura Brasileira no XXI, em parceria com a Unifesp.