Slam, Ilíada e literatura policial. O Segundas Intenções com Luiza Romão
05 DE junho DE 2023A edição de junho do Segundas Intenções da Biblioteca de São Paulo teve como convidada a escritora, poeta, atriz e slammer Luiza Romão, vencedora do Prêmio Jabuti em 2022 na categoria poesia. O anfitrião Manuel da Costa Pinto começou o bate-papo perguntando sobre os primeiros anos de vida da autora e as referências que a fizeram se aproximar da literatura e da escrita. Nesse primeiro momento do encontro, Luiza Romão destacou a influência dos seus pais, professores, no ambiente doméstico que propiciou os primeiros contatos com os livros e, até mesmo, com as próprias estantes, como destacou, "minha relação com as bibliotecas foi corporal. Adorava sentar nas prateleiras da biblioteca que tínhamos em casa", revelou.
Natural de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, e palmeirense, ela listou como primeiras leituras a literatura policial de Marcos Rey e João Carlos Marinho, outros temas como a literatura de mistério e fantástica e séries de livros nos quais é possível observar o desenvolvimento das personagens ao longo do tempo.
Já em São Paulo, onde foi estudar teatro e arte dramática, Luiza Romão teve contato com o Slam, a batalha de poesia, especificamente o Slam da Guilhermina, que acontece na entrada da estação de metrô homônima. E o que começou com uma atividade exclusivamente de espectadora, acabou atravessando de maneira decisiva a vida e a futura obra da autora. Ao longo de suas falas, Luiza explicou como a dinâmica do Slam impulsiona o espectador a "entrar em campo" e a "ir jogar", comparando a batalha de poesias ao futebol e enfatizando como o jeito brasileiro de jogar permeia, também, nossa prática poética. "Gosto muito de comparar o slam com o futebol. Aqui, nós fazemos slam como jogamos, como poesia e não como prosa", realçando a identidade do país.
O primeiro livro da escritora foi fruto de sua produção no slam. Em 2014, Luiza Romão disputou a final do Slam BR, mesmo ano de publicação de Coquetel Motolove, que reuniu poemas que refletiam sua atuação política. Na sequência, o bate-papo foi se direcionando para o aprofundamento sobre as outras obras da autora, Sangria, Nadine e Também Guardamos Pedras Aqui, título vencedor do Prêmio Jabuti e que traz uma série de poesias relacionadas a personagens do clássico Ilíada, com o objetivo de fazer uma conexão entre a violência presente na obra e a sociedade brasileira contemporânea.
A conversa foi marcada também por muitas declamações de poesias da autora, fazendo com que o público tivesse a oportunidade de sentir a experiência do slam no auditório da biblioteca, além de discussões aprofundadas sobre o processo criativo e de produção das publicações de Luiza Romão, tanto na plataforma impressa como audiovisual.
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